Capitães da Areia | resenha.




Depois da minha depressão pós-inferno, parecia que nada mais fazia sentido pra mim, estava triste e deprimida. Não tinha livro que me agradasse. Após alguns dias, confirmei minha viagem à Bahia visitar meu pai. E foi daquele jeito: primeira vez que eu viajo de avião, sozinha e sem livro nenhum para me entreter. Foi então que me veio uma ideia genial.
Há alguns anos, eu li “Capitães de Areia”, mas como era muito novinha, não lembrava muito da história. Lembrava apenas que era de meninos de rua da Bahia. Pois bem, nada melhor do que ir a um lugar e ler algo relacionado a ele. E estava decidido. Leria o clássico de Jorge Amado. 

Os amados ladrões de Jorge Amado (pode conter spoiler)
O livro começa com uma manchete e cartas fictícias enviadas ao jornal local, onde eles dão sua versão sobre os temidos meninos, e depois algumas críticas/comentários/elogios a polícia, ao jornal e ao reformatório.
Logo no primeiro capítulo já nos deparamos com a realidade cruel, e um pouco chocante dos garotos. É num velho trapiche(um velho armazém) que a narrativa se desenrola. O capítulo narra a ascensão de Pedro Bala à chefia dos temidos “Capitães de Areia”, um grupo de garotos abandonados que sobrevivem de furtos.
Logo após, vão se desenrolando as demais histórias dos meninos. Pirulito queria ser padre e tinha grande vocação, tentava ao máximo não “pecar” e só se metia nos roubos quando era estritamente necessário. Professor passava noites e noites lendo e também contava histórias para os outros meninos, tornando-se assim muito respeitado. Volta-Seca era louco por cangaço e tinha como padrinho Lampião. Pedro-Bala era o líder, após um tempo descobre que seu pai morreu pelas mãos de um policial durante uma greve no cais. Sem-Pernas foi preso e humilhado por policiais, nascendo desse episódio uma raiva intensa de tudo e todos. O Gato, o “Don Juan” do grupo, era apaixonado por uma prostituta com quem dormia quase todas as noites.
Há também alguns personagens que não fazem parte do grupo como o Padre José Pedro, cujo também era pobre, mas se apaixonou pelos meninos e queria levar a doutrina para o trapiche e também a mãe de santo Don’Aninha, que sempre ajudava os meninos com suas rezas e algumas vezes com alimento.
Os capítulos vão passando e o que impressiona é como os meninos agem como adultos, pois quase todos dominam a “arte do sexo” e são independentes. Mas também, há um contraste muito forte, porque em alguns trechos fica muito claro a carência emocional desses garotos.
Eu diria que o clímax dessa obra começa a partir do capítulo “Família”, cujo personagem principal é Sem-Pernas, que ia praticar mais um roubo, porém ao tocar a campainha daquela casa, ele foi acolhido com amor e carinho, e tratado como um ser-humano de verdade.
Alguns capítulos mais pra frente, nós conhecemos Dora (não, não é a Dora, a aventureira) e Zé-Fuinha, duas crianças que acabam de ficar órfãs porque a mãe morreu de alastrim, quem os leva para o trapiche são João Grande e Professor. Quando a menina chega, a primeira reação foi a vontade dos meninos de possuí-la, mas assim que viram que era apenas uma menina (e com a ordem de Pedro-Bala), eles a deixaram em paz. Após algum tempo, ela foi se tornando uma espécie de figura maternal para todos, exceto para Bala... ele a tinha como uma noiva.
Após um tempo Dora adoeceu e faleceu, deixando assim todos os Capitães de Areia meio desnorteados. Alguns, como Volta-Seca, Pirulito e Professor, partiram do trapiche para seguir suas vocações. Sem-Pernas suicida-se e Pedro-Bala se torna um grande líder revolucionário.

***
A narrativa é cheia de altos e baixos, no começo é um pouco maçante, mas depois o livro fica muito interessante, e dá vontade de saber mais e mais sobre os meninos. Não é recomendado para menores de 13 anos, por conter muitas referências ao sexo e alguns palavrões.

Editora: Companhia das Letras
Ano de lançamento: 1937
Autor: Jorge Amado
Número de Páginas: 288
Título Original: Capitães de Areia
Aonde comprar:
Lojas Americanas $39,00
Livraria Saraiva (edição de bolso) $19,90

Comentários

  1. Minha irmã sempre me fala desse livro e sempre tenho muita vontade em ler. Passei meu fundamental e ensino médio todo programando para lê-lo, mas toda vez que ia na biblioteca da escola em busca dele, achava algo mais interessante e dizia '' Na próxima eu pego ele'' haha. Quem sabe um dia eu leio, né?

    Beijos.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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